Bode Expiatório
Segundo a
Bíblia, “Bode Expiatório” era um animal que era apartado do
rebanho e levado ao deserto para morrer à míngua como parte das
cerimônias hebraicas do Yom Kippur, o Dia da Expiação. Este rito é descrito na
Bíblia, mais especificamente no livro de Levítico, da seguinte
maneira:
Dois bodes eram levados,
juntamente com um touro, ao lugar de sacrifício, como parte dos Korbanot
do Templo de Jerusalém. No templo os sacerdotes sorteavam um dos bodes.
Um era queimado em holocausto no
altar de sacrifício com o touro. O segundo tornava-se o bode expiatório,
pois o sacerdote punha suas mãos sobre a cabeça do animal e confessava os
pecados do povo de Israel. Posteriormente, o bode era deixado ao relento
na natureza selvagem, levando consigo os pecados de toda a gente, para ser
reclamado pelo anjo caído Azazel (braço direito de Satanás, um
demônio do deserto).
Este
sacrifício sangrento parece uma relíquia bárbara do passado, porém, a
prática do Bode Expiatório está mais popular do que nunca,
principalmente no mundo da Política.
Compreendendo o funcionamento do
poder, da importância das aparências e sabedor de que a
reputação do governante depende mais daquilo que escondemos do que daquilo
que revelamos, a prática do Bode Expiatório deixou de ser uma atitude
conveniente e passou a ser uma atitude quase que compulsiva e obrigatória entre
os detentores do poder.
O
raciocínio político é que: quem está no poder tem que
aparentar que nunca erra. Não se conhece, nos dias de hoje, um
governante que publicamente tenha assumido seus erros, que tenha pedido
desculpas. Afinal, uma desculpa abre portas para todo tipo
de dúvidas. Dúvidas sobre a competência, sobre
as verdadeiras intenções e principalmente sobre os erros que
talvez não tenham sido confessados. Além do mais, desculpas
não satisfazem a ninguém, pois o erro não
desaparece; ao contrário, em se tratando de política, cresce e
inflama. Melhor então é cortar fora, extirpar esta mácula imediatamente
e para este momento nada melhor do que o velho e bom
Bode Expiatório.
Se você
quer sobreviver no mundo da política, deve entender que o Bode Expiatório é um
jogo de cartas marcadas. Neste jogo, e durante toda a história, os governantes
têm entendido a importância de ter sempre ao seu lado alguém em quem colocar a
culpa. E se este alguém for um “favorito do rei”, tanto melhor ainda.
É da
natureza humana a atitude de não procurar dentro de si mesmo a razão de um
erro, sendo mais natural então, aceitarmos que a culpa esta sempre no outro. O
povo sempre acreditará na culpa do Bode Expiatório, principalmente se este for
uma pessoa próxima do governante. A este processo denomina-se de “a queda do
favorito”.
Afinal, porque
o rei sacrificaria seu favorito se este não fosse culpado? Não é
mesmo?
E com
isso, como ovelha, o povo volta a acreditar que o interesse do
pastor e do rebanho são os mesmos.
Pense
Nisso!
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